ACM Neto não faz o trajeto do carlismo, afirma cientista político Paulo Fábio Dantas Neto

Durante entrevista ao programa Linha de Frente, da rádio Antena1, comandado por Pablo Reis, nesta quinta-feira (24/10), o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto afirmou que ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil e ex-prefeito de Salvador, não segue mais a trajetória tradicional do carlismo (OUÇA A ENTREVISTA COMPLETA ABAIXO).

Segundo ele, o grupo político liderado por Antônio Carlos Magalhães, que marcou a política baiana por décadas, foi dissolvido e suas influências se dispersaram entre diferentes campos políticos após a morte de seu líder.

“O grupo carlista desapareceu da política baiana há 14 anos. Neto é neto dele, e é evidente que você não vai pedir a um político que abandone essa herança simbólica. Mas se você observar a trajetória de ACM Neto, as questões que ele enfrentou não são mais as mesmas do carlismo. É um anacronismo discutir isso, na minha opinião”, destacou Dantas Neto.

O cientista político explicou que, após a vitória de Jaques Wagner (PT) em 2006 e a eleição de 2010, o carlismo se dissolveu como um grupo político coeso. A elite municipal que antes gravitava em torno do carlismo acabou absorvida pela estrutura de poder do PT, com a liderança de Otto Alencar desempenhando um papel crucial na transição.

“Otto foi a figura que Wagner buscou para dar ao esquema do PT a base municipal que ele nunca teve. E, por meio de Otto, as lideranças carlistas não sentiram que estavam traindo seu passado, pois era um deles que estava conduzindo a mudança”, pontuou.

Embora ACM Neto mantenha uma ligação simbólica com o legado do avô, Dantas Neto ressalta que sua atuação política se difere substancialmente da prática carlista. Ele também observou que a atual polarização política na Bahia entre o PT e o União Brasil é um fenômeno contemporâneo e não pode ser confundido com as disputas do passado.

“A polarização do carlismo nunca foi com o PT, mas com o MDB, que era seu verdadeiro adversário na trajetória nacional. O PT emerge num contexto diferente, criado a partir da redemocratização. A polarização que Neto enfrenta com o PT é outra, não é a mesma do carlismo”, concluiu.

O cientista finalizou explicando que, embora o carlismo tenha deixado marcas na história da Bahia, sua estrutura política desapareceu definitivamente em 2010. “O carlismo como grupo político foi sepultado quando Wagner venceu no primeiro turno em 2010, e a elite política municipal carlista foi capturada”, analisou.

Paulo Fábio Dantas Neto vai lançar o seu segundo livro sobre a trajetória política de Antonio Carlos Magalhães: “ACM baiano-nacional: cronologia de um fato consumado”. O lançamento pela Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) será no dia 1 de novembro, uma sexta-feira, na reitoria da Ufba, entre 17h30 e 21h30. OUÇA:

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