“Aquele avô que ia pescar com os netos e fazia tudo por eles”. É assim que a servidora pública Tainã Calheira, de 38 anos, lembra-se do avô, Olímpio Chaleira dos Santos, que morreu em 2021, de causas naturais. No último sábado (2/11), porém, a dor da perda veio à tona novamente, e por um motivo que a família custou a acreditar: o túmulo do patriarca, no Cemitério Municipal São Lázaro, em Jequié, na Bahia, havia sido violado.
“É reviver o luto”, disse ao Aratu On. Segundo Tainã, uma tia e um primo que moram em Itagibá foram ao local, no Dia de Finados para colocar flores, como costumam fazer há três anos, mas encontraram o túmulo aberto, sem caixão e com ossos – incluindo um crânio – jogados. “A gente não sabe de quem é”, acrescentou a servidora.
Tainã explicou que se tratava de uma lápide da família, onde também estavam enterradas a avó e outra tia. A violação do espaço, contudo, não ocorreu apenas para os Calheira. O primo da servidora contou que outros túmulos estavam da mesma forma. “O cemitério está abandonado. Tem muro quebrado e várias lápides estouradas”, falou.
A família não recebeu nenhuma informação da prefeitura de Jequié. “Algumas pessoas que visitavam o cemitério, no dia, chegaram a dizer que o corpo é retirado depois de três anos, mas não fomos notificados”, reclama Tainã.
Depois do ocorrido, uma tia de Tainã tentou prestar queixa no Complexo Policial de Jequié, mas foi informada de que isso deveria ser feito na 9ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), o que deverá registrado nesta quinta-feira (7/11).
“A família está ‘espalhada’. Eu moro em Vitória da Conquista e tenho parentes em Itagibá, Ipiaú e Jequié. Amanhã (quinta), minha mãe está indo [prestar queixa] junto com minha tia de Ipiaú”, comentou, acrescentando que todos ficaram muito mal com a situação encontrada no cemitério. “Estou sem dormir desde sábado”, completou.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Procurada pelo Aratu On, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Jequié atribuiu à família de Tainã a responsabilidade pelo túmulo. Por meio de nota, alegou ‘falta de manutenção’. Veja abaixo:
“A informação não procede. De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos, órgão responsável pela manutenção dos cemitérios municipais, um blog de oposição à gestão atual teria registrado fotos de uma gaveta cemiterial privada, que é uma caixa de concreto particular utilizada pela família para sepultar seus entes. A gaveta estava danificado por conta da ausência de manutenção e, sem procurar saber informações mais precisas, o blog publicou uma matéria tendenciosa.”.
Quando questionada pelo Aratu On sobre o paradeiro do caixão, de quem seria a ossada e se não havia monitoramento do espaço, a assessoria não respondeu.
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